Orisas
Esu o mais importante dos orisas
No território Yoruba o culto a Esu esta ligado a todos aos outros orisas ,egungun e Iya mi,e o assentamento de Esu está sempre presente nos locais de culto.
Diferentemente do que acontece no Brasil, esse assentamento é feito em uma pedra conhecida como Yangui , existe várias formas de assentamento, mas o mais comum, Yangui, uma pedra ferruginosa ( laterita )que é acompanhada de uma estatueta em madeira , embora infelizmente no Brasil, ainda existem pessoas que assentam Esu com pedra de rio, contrariando a essência que deveria ser mantida conforme os versos de Ifa,(textos sagrados de nossa religião).
É bem verdade, que considerando tudo que nossos antepassados tiveram que enfrentar, diante das dificuldades da escravidão, muito foi conservado e pouco seriam os ajustes a ser feito,agora é responsabilidade nossa corrigir o curso da historia indo de encontro as nossas raízes e melhorando nossa relação com os nossa origem.
O grande problema com o culto a Esu, é a desinformação das pessoas, que seguem confundindo Esu, com os chamados Exus de Quimbanda ou da Umbanda,isso deixa uma confusão muito grande na cabeça das pessoas que desconhecem os orisas,é muito comum ver assentamentos com tridentes e bonecos com chifre, ainda sendo cultuados e pessoas que continuam dizendo que tem um Esu chamado tranca rua e que ele seria o emissário de Osun,tal afirmação deixa qualquer pessoa informada de cabelo em pé .
Em grande parte as pessoas não sabem as verdadeiras atribuições de Esu ,ele é o orisa da articulação entre o aiye (terra) e o orun (ceu), o intermediário entre os homens e os orisas, o verdadeiro porta voz do ser humano junto as divindades.
Nunca devemos confundir Esu, com o diabo como fizeram os colonizadores em terras yorubas,sobre tudo, hoje com tantas informações, a internet é o grande pesadelo dos desinformados donos do saber, que outrora se arvoravam como conhecedores, hoje basta acessar todo tipo de informação, e as distâncias entre a África e o Brasil estão reduzidas a um simples toque no teclado,o problema é como identifica, qual informação pode ser aproveitado.
Egun e oku
Os povos de origem yorubá tem um nome especial de tratar seus antepassados,egun,esse termo identifica o antepassado masculino espíritos divinizados através de rituais específicos, aonde o morto passa a ser considerado de forma especial ,ele recebe um novo nome e começa ser cultuado junto ao assentamento dos demais antepassados.
Os yorubas acreditam que o culto a egun serve para harmonizar a pessoa com o passado,mas principalmente para reverenciar aqueles que contribuíram para a nossa existência ,pois como todos sabemos sem passado não existe presente e muito menos futuro.
Os espíritos dos mortos na cultura yoruba recebem o nome de oku,não é todo oku que se torna egun ,mas todo egun um dia foi um oku.
A diferença esta nos rituais próprios para tornar o oku um ser divinizado,esses rituais podem ser feitos somente para os espíritos de pessoas iniciadas no culto de orisa ou de egungun,é claro que existe outros pré requisitos para que esse processo de divinização seja efetuado o homem quando vivo deve ter um comportamento exemplar se pretender um dia ser cultuado como egun.
No Brasil existe uma diferença em relação ao que é feito no território yorubá ,aqui se acredita que os eguns jamais devem ter contato direto com as pessoas ,isso para a tradição yorubá não procede ,os antepassados ficam felizes com esse contato,essa é uma das formas de harmonizar o espírito com seu descendentes.
Quase todo espírito (oku) cria problema para os seu descendentes se não for cuidado de forma adequada,normalmente a falta de rituais fúnebres próprios e o despreparo das pessoas para cumprirem algumas exigências básicas nessa relação homem espírito terminam criando esse conflito.
Na cultura yorubá existe uma sociedade secreta que se encarrega dos rituais fúnebres,esses sacerdotes cultuam uma divindade chamada Oro,que no Brasil ainda é um pouco desconhecida.
No tocante aos espíritos dos antepassados femininos,é muito raro que seja cultuado de forma individualizado,normalmente é cultuado de forma genérica na sociedade secreta
das Iya mi,exemplo iyami Osoronga,Iya mi Aiye,Iya mi Aje...
Exemplos de culto :
1-Egungun,culto de espíritos masculinos individualizados
2-Oro,culto de espíritos masculino generalizado.
3-Iya mi ,culto de espírito feminino generalizado.
Observação: Não confundir com o culto aos Orisas, espíritos divinizados,e com culto no Brasil relacionado as forças da natureza.
Para melhor entendimento,não confundir com caboclos cultuados na Umbanda religião de origem Brasileira,Que definiríamos como uma forma semelhante de cultuar egun,porém com diferenças,pois os espíritos da Umbanda tem ligação com a cultura Bantu, indígena, ou oriental.
Ogum
Ogum (em yoruba: Ògún) é, na mitologia yoruba, o orixá ferreiro,[1] senhor dos metais. O próprio Ogum forjava suas ferramentas, tanto para a caça, como para a agricultura, e para a guerra. Na África seu culto é restrito aos homens, e existiam templos em Ondo, Ekiti e Oyo. Era o filho mais velho de Oduduwa, o fundador de Ifé, identificado no jogo do merindilogun pelos odu etaogunda, odi e obeogunda, representado materialmente e imaterial pelo candomblé, através do assentamento sagrado denominado igba ogun.
Ogum é considerado o primeiro dos orixás a descer do Orun (o céu), para o Aiye (a Terra), após a criação, um dos semideuses visando uma futura vida humana. Em comemoração a tal acontecimento, um de seus vários nomes é Oriki ou Osin Imole, que significa o "primeiro orixá a vir para a Terra".
Ogum foi provavelmente a primeira divindade cultuada pelos povos yorubá da África Ocidental. Acredita-se que ele tenha wo ile sun, que significa "afundar na terra e não morrer", em um lugar chamado 'Ire-Ekiti'.
É também chamado por Ògún, Ogoun, Gu, Ogou, Ogun e Oggún. Sua primeira aparição na mitologia foi como um caçador chamado Tobe Ode
YAMI OSORONGA
O QUE É IYAMI OSORONGA?
Iyami Osoronga são entidades femininas que possuem algumas energias especiais tanto na forma positiva quanto na negativa.
Iyami Osoronga é uma convicção, freqüentemente herdada, e às vezes adquirida por atributos orgânicos de uma pessoa. Este atributo faz com que a pessoa tenha poderes que podem prejudicar ou ajudar outros, a uma distância e através de meios de descuido. Mais adiante, a mesma convicção é que uma pessoa pode ter este poder, mas desde que ele não sinta motivos hostis contra outros, permanece dormente e não os afeta. Inveja, fúria, ódio, malícia são os tipos de sentimentos viciosos em que se fixam o poder de bruxaria, se a pessoa possuí-los isto deverá ser trabalhado.
Acredita-se que uma pessoa pode ter este poder e não ter conhecimento disto, até que os sentimentos viciosos dela seja fixados para trabalhar contra os outros. Em alguns casos, bruxaria é a expressão de tensão ou o mecanismo de conflito entre duas pessoas. Então, bruxaria é um conflito de interesse entre o acusador em uma mão, e o acusado na outra.
Como dito anteriormente, os Yorubas acreditam que todos os destacamentos das coisas devem-se à própria essência delas. Para afetar uma pessoa ou situação, feiticeiros, herboristas, Babalawo, etc., extrai a essência por rituais.
OS DEZESSEIS PRINCIPAIS ODU DE IFÁ
QUE SÃO MAIS USADOS NO CULTO
ÉJI ÓGBE
ÓYÉKÚ MÉJÍ
IWÓRÍ MÉJÍ
ODÍ MÉJÍ
ÓBÁRÁ MÉJÍ
ÓKÓNRÓN MÉJÍ
ÍRÓSÚN MÉJÍ
OWÓNRÍN MÉJÍ
ÓGÚNDÁ MÉJÍ
ÓSÁ MÉJÍ
OTURUPÓN MÉJÍ
IRÉTÉ MÉJÍ
ÓTURÁ MÉJÍ
ÓSÉ MÉJÍ
OFUN MÉJI
IKA MÉ
I I I I |
I I I I I I I I |
I I I I I I |
I I I I I I |
Ogbè |
Oyeku |
Ìwòrì |
Òdí |
I I I I I I |
I I I I I I |
I I I I I I I |
I I I I I I I |
Ìrosùn |
Oworin |
Obara |
Okaran |
I I I I I |
I I I I I |
I I I I I I I |
I I I I I I I |
Ògúndá |
Osa |
Ìká |
Òtúrúpîn |
I I I I I |
I I I I I |
I I I I I I |
I I I I I I |
Òtúrá |
Ìrëte |
Ika |
Òfún |
REPENSANDO NAÇÕES E TRANSNACIONALISMO
Temos visto recentemente centenas de escritos sobre o nascimento recente de comunidades
culturais, econômicas, políticas e sociais que transcendem, transbordam e atravessam as fronteiras de múltiplas nações. Os defensores desta idéia tendem a identificar o começo do fenômeno com alguma transformação relativamente recente.
A tentativa nessa matéria é estender as referências teóricas da amplitude do negro africano à afro descendente na maior imigração transoceânica na história da humanidade data +- à partir do Sec.XV, Foi com certeza mais ampla do que a imigração dos europeus para as Américas ocorrida no mesmo período.
Ainda hoje, muitos descendentes daqueles africanos raptados se reconhecem como integrantes de “nações” diaspóricas, para usar um termo que é especialmente comum na América Latina, como existem também as naciones arará, congo e lucumí em Cuba, assim como as nações jeje, congo-angola e nagô no Brasil. De modo um pouco diferente, verifica-se a existência das nachons rada, congo e nago no Haiti.
Segundo o modelo convencional de Nina Rodrigues, Arthur Ramos, Melville J. Herskovits e, em Cuba, de Fernando Ortiz, essas nações eram grupos étnicos africanos que foram levados para o Novo Mundo e, até certo ponto, lá “sobreviveram”.
Observando sempre que: Essas nações eram frequentemente agrupamentos impostos a diversos povos e as distintas ordens de categorias políticas, lingüísticas e culturais que foram unificados primariamente com propósitos comerciais dos traficantes de escravos que conforme alguns estudiosos chamam essas nações, ou categorias étnicas, de “trademarks”, ou “marcas registradas”.
Isto não quer dizer que esses agrupamentos não possuíssem afinidades culturais ou potencialmente políticas. Suas afinidades reais, imaginadas ou potenciais estavam entre as razões que fizeram com que acabassem sendo reunidos de modo similar no Haiti, em Cuba e no Brasil — para não falar no restante da América Latina.
Essas nações ainda vivem de acordo com as denominações dos vários templos das religiões afro-cubana e afro-brasileira, como o Candomblé, e dos vários deuses e ritmos de tambor sagrados em Cuba, no Brasil e no Haiti.
A história parece simples quando imaginamos essas nações no final do século XIX, e hoje em dia, como sendo nada mais do que memórias esmaecidas do passado, como “folclore” de certo modo diferente e desligado da realidade única da nação territorial. Argumenta-se que essas nações eram originalmente “nações políticas africanas”, mas foram “aos poucos perdendo sua conotação política para se transformar num conceito quase exclusivamente teológico e ritual”
“A história do termo “nação” não começou com o tráfico de escravos nem sequer com a formação da nação territorial, ocorreu no final do século XVIII, pois desde muitos séculos, e sim por imposições de cognatos nas línguas européias têm o sentido de um grupo de pessoas ligadas nitidamente pela ascendência, língua ou história compartilhadas a ponto de formarem um povo distinto”.
O que interessa especificamente nisso tudo é o paralelo de dois usos rivais do termo, os dois coincidindo com a colonização européia das Américas. Argumentando que a nação territorial nas Américas emergiu não só de um diálogo isolado com a Europa, mas também fortemente de um diálogo com as nações transatlânticas e territoriais geradas pela colonização africana desses continentes.
A NAÇÃO “VOODOO”
O termo voodoo em inglês vem da palavra vodun, que significa“divindade” ou “deus” no grupo dialetal ewe-gen-aja-fon do Golfo daGuiné — a oeste da localização contemporânea dos yorùbá. Há muitos séculos, saíram várias dinastias da cidade de Tado, atualmente no Togo.
Tais dinastias fundaram os reinos de Allada, Dahomé e Hogbonou ou Porto-Novo. Elas e seus súditos acabaram por falar diversos dialetos. Como súditos de diversos reinos, esses grupos não pertenciama nenhum grupo politicamente unido. De fato, achavam-se muitas vezes em guerra uns contra os outros.
Durante o século XVII e começo do XVIII, o reino de Allada dominava o comércio com os europeus nessa região. A oeste achava-se o famosíssimo Castelo de São Jorge da Mina, o qual desempenhou um papel importante no comércio afro-europeu. Nesse período, traficantes de escravos e viajantes europeus identificaram vários povos adoradores dos voduns e chamaram-nos coletivamente de “Ardra/Arder/Ardres” (do nome do reino de “Allada”) e “Minas” (do nome do Castelo de São Jorge da Mina).
Em seguida, encontram populações no Haiti chamadas de “Rada” e em Cuba de “Arara”. No Brasil e na Louisiana francesa foram denominadas “Minas”. No entanto, em certo momento, em meados do século XVIII, no Brasil, esses mesmos povos adoradores dos voduns passaram a ser conhecidos como “Jejes”. Sendo este nome um mistério. Embora os falantes de ewe, gen, aja e fon tivessem sido embarcados em maior número antes de 1800, não foi encontrada nenhuma menção a esse nome no Golfo da Guiné até 1864, depois do fim efetivo do tráfico de escravos.
O termo “jeje” aparece nos documentos brasileiros a partir de 1739, embora esteja ausente da cartilha escrita no Brasil por Peixoto (1943-44). A adoração dos deuses vodun deixa pouca dúvida de que a sua religião veio da zona entre o Castelo de São Jorge da Mina.
Estabeleceu-se a tradição etimológica brasileira de identificar a palavra “ewe” — o nome do dialeto falado agora no sudoeste de Togo e no sudeste de Gana — como a origem do termo “jeje”, que hoje em dia designa o dialeto do povo “mina” do Togo e do sudoeste do Benin.
Até hoje, a maioria dos terreiros da nação jeje auto declara-se “marrim”(mahi) (maxi) ou “savalu”. Essa proeminência histórica dos Maxi na Bahia ajuda a entender a raridade da cobra na religiosidade baiana no final do século XIX.
Os Maxi no Golfo da Guiné praticaram pouco a adoração do deus-serpente. Mas como se explica a ascensão do deus-cobra na Bahia no século XX ?
-É considerado que a comunicação no começo deste século entre a Bahia e o Golfo da Guiné implica o ressuscitamento da nação jeje e a adoção por parte da mesma do deus-serpente como seu emblema. Os famosos marrins baianos que regressaram à África e mantiveram contato com a Bahia normalmente, estabeleceram os seus quartéis-generais não na terra interior dos Maxi, mas no litoral, onde a adoração do deus-serpente era central na religião dos nativos.
A TRADIÇÃO JEJE:
O VODUN JEJE SOGBÔ E A PROVA DE ZO
A tradição dos povos fons que aqui no Brasil foram chamados de Adjeje ou Jeje pelos yorubás, requer um longo confinamento quando na época de iniciação. Essa tradição Jeje exigia de 06 (seis) meses ou até 01 (um) ano de reclusão, de modo que o novo vodun-se aprendesse as tradições dos voduns: como cultuá-los, manter os espaços sagrados, cuidar das árvores, saber dançar, cantar, preparar as comidas e um artesanato básico necessário a implementos materiais dos diferentes assentos, ferramentas e símbolos necessários ao culto.
Para os povos Jeje, os voduns são serpentes que tem origem no fogo, na água, na terra, no ar e ainda tem origem na vida e na morte. Portanto, a divindade patrona desse culto é Dan ou a "Serpente Sagrada".
Para o povo Jeje os Voduns são serpentes sagradas e sendo as matas, os rios, as florestas o habitat natural das cobras e dos próprios voduns. O ritual Jeje depende de muito verde, grandes árvores pois muitos voduns tem seus assentos nos pés destas árvores.
Outra particularidade deste culto é de que quando as vodun-ses estão em transe ou incorporadas com seu vodun: os olhos permanecem abertos, ou seja, os voduns Jeje abrem os olhos, diferente dos orixás dos yorubás, que mantém os olhos sempre fechados.
É comum no culto Jeje provar o poder dos Voduns quando estes estão incorporados em seus iniciados. Uma destas provas é a prova chamada Prova do Zô ou Prova do Fogo do vodun Sogbô, que governa as larvas vulcânicas e é irmão de Badé e Acorombé, que comandam os raios e trovões.
A seguir, cita-se uma Prova do Zô feita com uma vodun-se feita para Sogbô, um vodun que assemelha-se ao Xangô do Yorubás:
Num determinado momento entra no salão uma panela de barro, fumegante, exalando cheiro forte de dendê borbulhante, contendo dentro alguns pedaços de ave sacrificada para o vodun. Sogbô adentra o salão com fúria de um raio, os olhos bem abertos (que como expliquei é costume dos voduns) e tomando a iniciativa vai até a panela, onde mergulha as mãos por algum tempo. Em seguida, exibe para todos os pedaços da ave. É um momento de profunda emoção gerando grande comoção por parte dos outros iniciados que respondem aquele ato entrando em estado de transe com seus voduns.
CONCLUSÃO
O caso das nações afro-latinas compromete a lógica primordialista da história convencional dos grupos étnicos africanos, mas fala da literatura recente sobre a nação e o transnacionalismo. Mas demonstra que comunidades diaspóricas, poderosamente imaginadas, desenvolviam-se ao mesmo tempo que a nação territorial. E o fato que essas “nações” diaspóricas criaram um vocabulário paralelo ao da nação territorial.
Uma das chaves do sucesso extraordinário dessas nações diaspóricas é que muitas pessoas negras e mulatas não achavam convincente, de jeito nenhum, a“imaginação” da sua cidadania na nação territorial. Consideravam-se, freqüentemente, excluídos dos direitos e privilégios dessa cidadania.
Achavam mais impressionantes e convincentes as formas de inclusão, imaginário literário e pompa associados com as nações diaspóricas. Ademais, essas pessoas negras e mulatas não estavam sozinhas nessa preferência; muitos brancos também aderiram e continuam aderindo a tais circunstâncias.
No passado, muitos antropólogos, historiadores e outros estudiosos da cultura negra tenderam a supor que os cativos africanos nas Américas se originaram de grupos étnicos africanos cujas culturas preexistentes “sobreviveram” na diáspora até elas desaparecerem aos poucos pelo processo de assimilação.
Ao contrário, os grupos africanos e afro-americanos mais importantes são transatlânticos na sua gênese. Embora supostamente primordiais certos grupos étnicos na África não teriam existido senão pelos esforços dos regressados da diáspora. O grupo étnico jeje é um desses casos que estende a duração do fenômeno cultural e politicamente transformador, que é atualmente chamado de“transnacionalismo”.
Fonte-J. Lorand Matory
“Vale observar que o mais marcante das singularidades africanas é o fato de seus povos autóctones terem sido os progenitores de todas as populações humanas do planeta, o que faz do continente africano o berço único da espécie humana. Os dados científicos que corroboram tanto as análises do DNA mitocondrial quanto os achados paleoantropológicos apontam constantemente nesse sentido”.
Cargos religiosos
Apresentamos agora alguns cargos religiosos, ipò e títulos, oyè, que todas as pessoas iniciadas recebem por razões ligadas ao seu Òrìsà e por seu espírito de iniciativa e a deferência que possuem junto à “mãe de santo” ou o “pai de santo”.
Abésùmulè ou Olusùmulè - Sacerdote do Culto a Èsù.
Abíyán - 1º Cargo dentro da religião. (ambos os sexos).
Abore - Sacerdote do Culto dos Orixá
Abòrisa – Cultuador (a) dos Orixás. Terminologia substituída incoerentemente pelo termo candomblecista.
Àbúrò - Não é cargo religioso (simplesmente é o irmão mais novo).
ADÉBO - Sacrificador de animais aos Orixa.
NB.: Termo totalmente abolido no Brasil. Motivo: Complexo da terminologia “ade -homossexual”.
Ahoun Osun - Homem chefe dos cantores do culto de Osun.
Àjimúdà - Sacerdotisa de Oya.
Ajoyé - Cargo de exclusividade feminina - Pessoa encarregada de cuidar e ladear os Orixá, quando incorporados.
Alágbè - Mestre de Cerimoniais (civis ou religiosos), Cruner de um determinado conjunto musical. NB.: Tornou-se cargo religioso no Brasil.
Alásé - Cozinheiro dos Orixás.
Alãrù - Cargo masculino – Encarregado de levar os ebo.
Apétèbi – Sacerdotisa do Culto de Ifá, e Auxiliar feminina do Bàbálàwoo.
Ásogba, Apogan, Ejitata e Apotun - Títulos exclusivamente masculinos/cargos dentro do Culto aos Orìsà Omolu/Obaluaiyé, Ajágún, Etetu e Boromu.
NB.: A terminologia “Asògún” não e utilizada dentro do culto aos Òrìsà acima discriminados.
Àràbà - A mais alta autoridade no Culto a Orumila.
Asògún - Cargo exclusivamente masculino. Literalmente, significa AQUELE QUE POSSUI AS BÊNÇÃOS DO ÒRÌSÀ OGÚN, que é o portador do Obe/Faca. Possui dois auxiliares o Otun e Osi.
NB.; Outrora, somente os filhos do Orixá Ogún, os não elegun, podiam ocupar este cargo após iniciação religiosa.
Alagbã - O mais alto cargo do Culto de Egungun.
Alapini - Chefe supremo do Culto a Egungun.
Amúsan ou Amúisan - São os futuros Ojé.
Bàbá Efun - Pai da pintura/responsável pela pintura dos iniciados.
Bàbáalàáse - Dirigente de uma linhagem sacerdotal.
Bàbá Kékeré - Pai pequeno.
Bàbálòrìsà - Pai de Santo.
Bàbáláwo - Sacerdote do Culto a Orunmila.
Bàbálóòsanyìn ou Onisegùn - Encarregado da colheita e maceração das folhas litúrgicas/Sacerdote do Culto ao Òrìsà Osanyìn.
Bàbá Korin - Responsável pelos cânticos sagrados dos Orixás.
Bàbá Kókìkí - Responsável pela entoação dos oriki dos Orixás.
Ègbon (pronuncia-se Ebomi) - Simplesmente o irmão mais velho (a) de uma família. Tornou-se cargo religioso no Brasil.
Ìyádagan - Realiza os rituais do ipadé.
Ìyá Efun - Mãe da pintura/encarregada de pintar os iniciados.
Ìyá Kékeré - Mãe pequena.
Ìyá Kirun - Responsável pelas adura dos Orixás.
Ìyágbásé - A mais antiga das cozinheiras dos Orixás.
Ìyálòrìsà – sacerdotisa de Orisá.
Ìyámorò - Encarregada de encaminhar os ebo, após o término do ipadé.
Ìyá Pepe - É quem cuida dos altares dos Orixás.
Ìyá Tebese - Encarregada dos cânticos dos Orixás.
Ìyá Bãra/Sidagan - Sacerdotisa de Èsù.
Obàlàse - É quem cuida dos altares de Òsàlá
Obàlale - Guardião do Templo de Òsàlá.
Ogã (pronuncia-se Ogam) - Qualquer pessoa de ambos os sexos que exerça ou ocupe altos cargos ou funções civis ou religiosas. No Brasil, tornou-se cargo religioso de exclusividade masculina.
Òjè - Sacerdote do Culto de Egúngun.
Ojugbonã - MESTRE. Aquele que mostra/ensina o caminho ao neófito da religião dos Orixá.
Olùpona - Guardião dos Templos de Exú e Ògún.
Onilú - Literalmente “proprietário/tocador do Ìlu/atabaque”.
Os cargos apresentados anteriormente são apenas uma parte dos Ipò e Oyè dados aos iniciados na religião africana, pois grande parte dos cargos do povo de santo foi se perdendo com os passar do tempo ou foram esquecidos.